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Orador do Hoje Viajamos Para

 

O orador do Hoje Viajamos Para... tem uma função que pode, ilusoriamente, parecer simples mas, na realidade, é bastante avançada porque te irá forçar a examinar os teus próprios preconceitos.

Acima de tudo, tem em atenção que isto não é um discurso sobre um destino turístico ou uma agradável viagem. Isto é um discurso sobre uma viagem interior que tu e o teu clube têm de fazer.

Esta é também uma função que não pode ser improvisada - requer pesquisa e preparação. Se alguém te pedir para substituir um orador do "Hoje viajamos para..." que não apareceu, é melhor declinares educadamente.

Por outro lado, esta é uma das funções mais gratificantes porque te irá ajudar a treinar as tuas competências enquanto líder empático, de mente aberta e tolerante que consiga chegar a todos e construir pontes.

Quando assumires esta função, é imperativo ler na totalidade a descrição da atividade Hoje Viajamos Para...

Depois disso, deves:

1. Escolhe um coletivo demonizado e discriminado que queres abordar. O ideal é escolher um dos teus próprios demónios interiores. Se passaste toda a tua vida a pensar que os ciganos são ladrões, talvez devas escolher esse coletivo. Se passaste toda a tua vida a pensar que os russos são inimigos empenhados em destruir o Mundo Livre, talvez esse seja o teu coletivo. Se passaste toda a tua vida a pensar sobre os brutos e burros Agressores Imperialistas Americanos, talvez esse seja o teu coletivo. Ninguém está a salvo de preconceitos; todos temos os nossos demónios interiores. Se corajoso e enfrenta-os.

2. Assim que tiveres escolhido o coletivo, escolhe a área que te interessa mais no geral (independentemente desse coletivo). Talvez te interesses por arte? Por ciência? Por literatura? Por teatro? Por música? Por filantropia? Por medicina?

3. Agora, tens não só um coletivo demonizado como um tema que te apaixona. Explora esse tema particular dentro desse tal coletivo e faz uma lista de todos os factos que achaste interessantes, extraordinários ou surpreendentes. Escolhe, entre esses, um ou dois que sejam positivos. Não tentes fazer mais porque, muito provavelmente, não terás tempo, e lembra-te de que a necessidade primordial de qualquer discurso é ser bastante preciso na sua mensagem.

4. Por fim, prepara um discurso informativo sobre estes. É crucial que não tentes persuadir as pessoas para mudar de opinião sobre o coletivo, nem fazer com que sintam pena dele. O teu discurso não deve apelar a qualquer ação.

Um discurso informativo não é sinónimo de um discurso seco, como que uma mera enumeração de factos. Podes atribuir um tom de suspense, emoção, até tensão, a um discurso informativo. Vê o exemplo correto em baixo para saberes como construir toda uma história com base num único facto que queres partilhar.

Aqui estão alguns exemplos incorretos e um de uma abordagem correta:

Muitas pessoas acreditam que os ciganos são ladrões. Eu próprio costumava ser uma dessas pessoas. Bom, não poderia estar mais errado...

Esta abordagem está errada porque identifica o coletivo explicitamente e tenta persuadir as pessoas a mudar de opinião.
Throughout history, the nomadic lifestyle and traditions of the Romani people have caused them to be ostracized and unjustly vilified...
Ao longo da história, o estilo de vida nómada e as tradições do povo Romani levaram à sua ostracização e a um repúdio injustificado...

Esta abordagem está errada porque identifica o coletivo e tenta suscitar pena ou simpatia por ele.
Em 1977, um dos génios do Cinema e uma referência mundial, que pôs os filmes no mapa como uma categoria de entretenimento completamente nova, estava prostrado no seu leito de morte, prestes a embarcar na sua última viagem. Quando um grave AVC levou Charles Chaplin enquanto dormia, o realizador deixou para trás um dos maiores mistérios do cinema - o mistério sobre o seu nascimento e o início da sua infância. O facto de ele ter sofrido com a pobreza e de ter começado a trabalhar numa oficina muito novo é sobejamente conhecido. Porém, ninguém conhecia detalhar os pormenores e as circunstâncias do seu nascimento
Demorou 15 anos a resolver o mistério. Quando Victoria Chaplin - a sua filha - herdou a secretária do pai, uma das gavetas estava trancada e ninguém sabia da chave. Com a ajuda de um serralheiro, conseguiu finalmente abrir a gaveta trancada e lá dentro estava uma carta que dava as respostas às questões de há muito. Nessa carta, um cavalheiro de nome Jack Hill escrevia a Chaplin para o informar de que tinha nascido em Black Patch, Smethwick, numa caravana cigana que pertencia a uma Rainha cigana. Sim, senhoras e senhores, Charles Chaplin era um membro do povo Roma...


Esta abordagem está correta. Foca-se num facto surpreendente e claramente positivo - que um dos maiores talentos do Cinema era, na verdade, de origem Romani. Não identifica explicitamente o coletivo, não tenta suscitar pena ou fazer com que as pessoas mudem de ideias. Apresenta, simplesmente, um extraordinário e positivo facto e deixa todos os presentes entregues a si próprios e à tarefa de reconciliar os seus preconceitos sobre os ciganos com o facto de uma pessoa tão brilhante e amada por todos tenha sido um membro desse coletivo.


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